quarta-feira, 17 de novembro de 2004

O dia em que quase parti dessa pra melhor

Lá pelos meus 14 anos eu tinha uma prancha de body board pra pegar algumas ondinhas. Num certo verão eu e meus amigos íamos todo dia a praia, estando o tempo bom ou não. Neste dia tinha amanhecido nublado pós temporal, o mar estava de ressaca com ondas absurdamente enormes. Como éramos todos novos e sem noção do perigo, entramos. O mar parecia que não queria a gente ali de jeito nenhum. Ficamos lutando feito loucos para passar a arrebentação. Num raro momento de calmaria remei feito louco e ultrapassei as ondas. Quando vi estava sozinho e o mar estava calmo. Meus amigos a muito haviam desistido de entrar, e da onde eu tava mal dava pra enxergar a praia. Estava atrás de onde as ondas surgem e como bom adolescente só agora tinha parado pra pensar algum jeito de sair dali. As ondas estavam realmente amedrontadoras. Quando tentava subir em cima delas, olhava o mar lááááá em baixo, e desistia. De tão altas, assim que elas passavam deixavam uma chuva de respingos pra trás. Quando saia da onda e caia de novo no mar o frio do meu estomago me perguntava como é que tinha me metido naquela. Não tinha outro jeito a única saída de volta pra praia era enfrentar um monstro desse, tentaria pegá-la, no máximo iria carregado pela espuma até a areia. Fui remando mais pra praia até chegar mais perto das ondas. O mar subia, subia, subia e depois descia violentamente. Na outra vez que subi com o mar, embiquei minha pranchinha pra baixo e despenquei de qualquer jeito com muitos litros de água quebrando em cima de mim. A força da onda arrebentou meu estrepe novinho como se fosse um barbantinho, e na hora nem deu pra notar. Estava a vários metros da costa, mesmo assim depois de um periodo em que parecia que tinham me botado numa maquina de lavar, fui jogado no fundo do mar. Meu corpo estava completamente relaxado lá em baixo e não tenho idéia de quanto tempo se passou, mas tudo parecia em câmera lenta. Lá encontrei uma negra forte de seios largos, com o cabelo todo enfeitado de belas conchas: “Vai dormir aqui hoje meu filho? Pode se deitar no meu colo se quiser.” “Vô não minha mãinha, rainha do mar, tenho muito que fazer lá em cima ainda” Ela sorriu compreensiva e eu tomei impulso no chão pra tentar voltar a superfície. Quando finalmente chegue na areia, meus amigos todos mais todas as poucas pessoas que estavam na praia estavam com os olhos arregalados me olhando como se tivesse voltado do mundo dos mortos.