terça-feira, 4 de dezembro de 2007

O filho de Cássia

Sei que é um acontecimento antigo, mas queria chamar a atenção para um ponto importante que pouco foi falado e que diz muito sobre nossa identidade nacional.

Lembram quando a Cássia Eller morreu? Lembram que ela deixou um filho, o Chicão, e que o pai da Cássia cogitou pedir a guarda do menino? Aqui não houve nenhuma discussão sobre o assunto. Estabeleceu-se como ponto pacífico que o garoto deveria ficar com a parceira dela, a quem ele reconhece como mãe.

Mude o cenário dessa discussão pra outros países: os EUA, só para ilustrar melhor. Lá, o caso dificilmente seria resolvido tão facilmente. Haveria grupos religiosos fazendo passeatas, vigílias, piquetes, protestos, com bandeiras e cartazes apoiando a tradicional família cristã e contra a união homossexual. Do outro lado, ativistas em prol da causa gay, celebridades e pessoas esclarecidas; além de botons, camisas e fitinhas para que você expressasse seu lado na questão. Na tevê, aconteceriam debates intermináveis: uns dizendo que o avô é o verdadeiro parente de sangue, outros que a mãe foi quem criou. Enfim, o país estaria dividido.

Aqui não ocorreu desse modo. Parece que houve um consenso geral que o avô, que nem tinha contato com o menino, não teria porquê pedir a guarda dele. Em nenhum momento discutiu-se se a mãe dele, parceira da Cássia, teria ou não direito sobre a criança. Esse fato, apesar de ter passado despercebido, demonstra uma grande abertura e maturidade da sociedade brasileira.

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